Com
mais intensidade na capital São Luís e em Imperatriz, mas também em
qualquer recôndito do Maranhão, mesmo nas pequenas cidades, nos chamados
grotões, a modalidade é a mesma, pistolas 1.40, ou 380, quase sempre
com assassinos agindo em duplas, montados em motocicletas, o "cavalo" de
nossos dias atuais.
Alguns justificam que esse tipo de crime é imprevisível e que não dá para a força pública evitar. Será?
Claro
que é possível evitar a carnificina que há décadas faz de nosso Estado
um lugar inseguro, um campo minado, para quem quer exercer a atividade
jornalística expondo os fatos livremente. O risco é grande também na
política, na atividade sindical, na luta por Reforma Agrária e nos
negócios, pois facilmente alguém contrariado pode fazer uso dos serviços
de pistoleiros para "mandar para o outro mundo" quem atrapalha seus
planos...
É
possível sim, pelo menos diminuir as estatísticas desse tipo de crime,
pois o Estado tem seus meios de informação privilegiada e sabe, ou se
não sabe é porque não quer saber, quem são os sicários que ofertam seus
serviços macabros.
Em
1990, o então governador João Alberto, a despeito de combater a
pistolagem inventou a Operação Tigre. Tinha tudo não mão, lista de
pistoleiros, agenciadores, então resolveu fazer uma "limpeza".
Claro,
o exemplo de João Alberto estou dando apenas para dizer que o Estado
quando quer sabe ou descobre quem são esses bandidos. Não defendo a
eliminação física de nenhum ser humano.
Ildean e Ildeneio, mortos pela Op. Tigre, no detalhe João Alberto |
Ademais,
a ação de João Alberto foi criminosa também, pois a operação passou por
cima das leis, julgava e condenava sumariamente supostos bandidos,
matando até inocentes. Por
sua vez, a "banda podre" da polícia aproveitou para ocupar o lugar dos
pistoleiros que matavam. Foi assim, por encomenda, que mataram os
irmãos Ildean e Ildeneio Noleto, daqui de Imperatriz.
A
coisa ficou tão degringolada que se você tivesse um desafeto e quisesse
mandar matá-lo, bastava contratar gente de dentro da Operação Tigre,
depois o sujeito aparecia morto, desovado na Estrada do Arroz, com a
pele do rosto arrancada ou com o corpo queimado. Não existia
investigação, nada. Ao ser encontrado o achado macabro a imprensa
noticiava com alarde que era alguém "do submundo do crime". Então, pra
que investigar?
Hoje,
falta inteligencia à policia do Maranhão, ou essa gente tem protetores
na política, no governo, no legislativo e no judiciário?
Sim,
por que se for dessa forma ai o negócio é mais difícil. Coitado de um
Aluísio Mendes se tentar investigar esses conluios ou
apadrinhamentos...Mas, e a Polícia federal, também estaria de mãos
atadas?
Então,
vamos mapear isso, identificar os pistoleiros, mandantes e
agenciadores... Tudo isso dentro lei, com acompanhamento do Ministério
Público e a pronta ação da Justiça para colocar na cadeia os alcançados
por investigações exatas e vigorosas, doa a quem doer...
Não
dá mais para continuar essa insegurança, o governo do Maranhão tem que
agir. Se não é capaz, peça ajuda federal, mas não dá mais para fazer
de conta que isso é normal.
Ontem foi o Décio Sá, um prefeito, um vereador, um empresário, um Líder sindical ou quilombola... Isso sem falar nas centenas pessoas sem notoriedade que são abatidas quase todo dia.
Ontem tentaram matar o prefeito de Timon, amanhã, quem será o próximo?
Ontem foi o Décio Sá, um prefeito, um vereador, um empresário, um Líder sindical ou quilombola... Isso sem falar nas centenas pessoas sem notoriedade que são abatidas quase todo dia.
Ontem tentaram matar o prefeito de Timon, amanhã, quem será o próximo?
A inspiração para esse texto veio do colega jornalista Jonavaldo, o conhecido Cunha Santos, no alerta que fez em seu blog e no Jornal Pequeno com o texto abaixo, que faço questão de reproduzir aqui:
JM Cunha Santos
O
atentado a bala contra o prefeito de Timon, Luciano Leitoa, vem
reforçar o alerta que vem sendo feito sobre o concurso de pistoleiros no
Maranhão na periferia dos grandes projetos que aqui se instalam. A
ganância por terras supervalorizadas estimula a ganância pelo poder, o
ódio político se instala, criando-se, então, um território propício à
mais desumana profissão do mundo. É um fato histórico e que não admite
contestações.
Denunciamos
dezenas de vezes, os assassinatos de quilombolas; denunciamos o
extermínio de lideranças rurais e a existência de listas de pessoas
marcadas para morrer. Até apelamos para que, em ação especial, a
Secretaria de Segurança Pública escorraçasse os pistoleiros desse
Estado. Ao que parece, pregamos no deserto.
Sofremos,
fomos humilhados em nossa dignidade humana e não nos conformamos até
hoje com o assassinato do jornalista Décio Sá e mais uma vez
reverberamos sobre a extrema urgência de caçar os carniceiros que estão à
solta ou sendo convocados para o Maranhão.
E
amanhecemos com a notícia de que o ex-deputado e hoje prefeito de
Timon, Luciano Leitoa, por pouco não é fuzilado num trecho da MA-040. Os
crimes de pistolagem se sucedem. Em São Luís, em Barra do Corda, nas
reservas quilombolas, nos assentamentos e ocupações, em terras griladas
e, agora, em Timon.
O
Maranhão vive um Deus nos acuda com esse tipo tenebroso e constante de
ameaças e não se tem notícias de uma política preventiva de segurança.
Os carniceiros estão à solta, inclusive matando numa proporção jamais
vista em São Luís. Foram sessenta vidas tiradas somente no último final
de semana. Então, que Deus nos acuda...
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